quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Prazer, Renata.

Acho que era disso que eu estava precisando. Escrever.
Escrever mesmo que ninguém vá ler. Só para desabafar. Só para registrar meus pensamentos e daqui a meses, anos talvez, ler e conseguir lembrar exatamente o que eu sinto agora.

Uma vez ouvi dizer que pior do que se entregar loucamente à uma paixão, pior do que sofrer arduamente e pior do que se sentir um trapo, é não sentir nada.
Prazer, Renata.

Eu desenvolvi a capacidade de me desapegar. Me desapeguei de muitas coisas e, pior do que isso, de muitas pessoas. Meus amigos agora se contam em uma mão, as pessoas que eu consigo suportar se contam em duas.
A mudança foi brusca e rápida. Culpa de um ou dois acontecimentos, talvez. Foi grande o suficiente para fazer com que nada mais me atinja. Nenhuma briga, nenhum beijo, nenhum elogio, nenhum insulto. Como se eu fosse um fantasma, as coisas passam através de mim, ou, como seu eu fosse um muro feito de pedra, elas batem em mim e caem ao chão, sem deixar nenhuma marca.
Eu me tornei tudo que eu sempre condenei. Fria, inabalável, fechada.

Também já ouvi dizer que quem expões seus sentimentos para o mundo se mostra fraco.
Talvez há um ano atrás eu achasse isso incoerente. Hoje, mais madura e um pouco pisoteada pela vida, é impossível não concordar.
O sorriso sempre no rosto, a fachada impecável e o muro perfeitamente de pé. Mesmo que por trás dele eu me encontre em ruínas.

Meu nome é Renata, e o prazer é todo seu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário